Captopril do Lafepe é recolhido pela Anvisa

Laboratório anunciou que deve encerrar a produção do medicamento e substituí-lo aos poucos por outra droga semelhante e mais modernaFoto: Mandy oliver

Desconformidades na fabricação da medicação Captopril, do Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco Governador Miguel Arraes S/A (Lafepe), fizeram com que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinasse a suspensão da distribuição, comércio e uso da droga, prescrita para o controle da pressão alta.

A alteração foi no teor de dissulfeto de captopril, que compõe a fórmula. O problema foi identificado durante estudo de estabilidade dos lotes 15090230, 15090231 e 15090232.

Além desses, outros oito lotes também estão sendo retirados de circulação. Todos têm a apresentação de 25 mg. O anti-hipertensivo foi produzido entre 2015 e 2016 e adquirido por 119 clientes em 74 municípios.

A Anvisa alertou aos pacientes que estejam utilizando algum dos lotes suspensos para fazer a troca do medicamento. A medida é preventiva, para garantir que as pessoas não tenham problemas em seus tratamentos, utilizando um produto que gera menos efeito.

Os pacientes podem ligar no serviço de atendimento da empresa para saber como fazer a troca do produto ou, se preferir, consultar o seu médico para avaliar a alteração do tratamento.

O Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), nos canais 0800.081.1121 (segunda à sexta-feira, das 8h às 14h) ou sac@lafepe.pe.gov.br. Os outros lotes do produto produzido pelo Lafepe continuam liberados. A agência nacional ainda indicou que no mercado também existem diferentes marcas do mesmo medicamento disponíveis.

Para o laboratório pernambucano, é pouco provável que o uso do medicamento possa causar consequências adversas à saúde. De acordo com a coordenadora de boas práticas de fabricação do laboratório, Amanda Oliveira, não houve até agora relatos de reações em pacientes que fizeram uso da droga. Já foram recolhidos 116,5 mil comprimidos das farmácias do Lafepe, prefeituras pernambucanas e nordestinas que compraram os comprimidos.

“O captopril, que é nosso principio ativo, não está reduzido. Ele esta dentro das especificações. O que nos fez olhar com atenção esses lotes no mercado foi nosso estudo de acompanhamento, em que observamos um teor aumentado dessa substância relacionada. Esse dissulfeto de captopril nos traz um indicador de possível instabilidade do produto”, explicou, destacando ainda que o recolhimento da droga foi voluntário.

Diante dos achados, o laboratório suspendeu a fabricação e deve aposentar o produto no mercado. “Provavelmente não vamos mais continuar a fabricação do Captopril. E no lugar dele devemos entrar com uma droga mais nova e semelhante”, comentou. Segundo ela, a medicação tem sido substituída aos poucos por outros mais modernos.

Apesar do baixo risco apontado pela empresa, especialistas consultados pela Folha comentaram que qualquer falha em medicações para hipertensão podem trazer prejuízos, mesmo que discretos, aos pacientes.

O cardiologista do Procape Sérgio Montenegro disse que sintomas clássicos da falta de efetividade numa medicação podem ser o descontrole da pressão, mesmo com o uso regular das drogas, ou o agravamento de quadros cardiológicos. “Risco de vida não tem, mas pode afetar a qualidade de vida”, comentou. Isso significa maior possibilidade de internações e aumento de associações medicamentosas.