REDAÇÃO DO ENEM 2017: TEMA TEM ERRO PRIMÁRIO DE PÚBLICO-ALVO
Os textos de estímulos oferecidos, que envolveram legislação e informações do INEP, não resolvem o problema de equívoco de público-alvo cometido na redação da temática divulgada ainda durante a aplicação do Exame (insisto, o tema volta-se a educadores, pedagogos, professores, profissionais da educação com nível Superior e gestores do sistema, não a estudantes do Ensino Médio entre 16 e 18 anos em sua maioria).
Forçado a propor intervenções para um tema voltado a um público específico (gestores e pedagogos), a tendência do candidato não especialista será, em relação ao tema tal como proposto, tangenciá-lo – e quando o fizer estará correto, pois não cabe a um estudante de Ensino Médio dominar teorias pedagógicas que lhe proporcionem condições de apresentar propostas de intervenção concretas, que sequer estão no horizonte de pedagogos e agentes governamentais atuais. Aliás, quantos estudantes de pedagogia de nossas melhores universidades estariam em condições tratar desse tema tão específico? Aliás, desafio o ministro da educação a redigir esta redação, sem consulta, neste exato momento. Veremos como ele se sai – qual seria sua nota? Aliás, pergunta meu amigo Plínio de Mesquita: “Teriam sido os alunos das escolas privadas amigas da atual gestão do MEC pegos de surpresa”? Noutras palavras, o direcionamento (proibido em concursos públicos) do tema favoreceu quem? |
JEOSAFÁ, professor, foi da equipe do 1o. ENEM, em 1998, e membro da banca de redação desse Exame em anos posteriores. Compôs também bancas de correção das redações da FUVEST nas décadas de 1990 e 2000. Foi consultor da Fundação Carlos Vanzolini da USP, na área de Currículo e nos programas Apoio ao Saber e Leituras do Professor da Secretaria de Educação de São Paulo. É escritor e professor Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo. Autor de mais de 50 títulos por diversas editoras, lançou em 2013 O jovem Mandela (Editora Nova Alexandria); em maio de 2015, nos 90 anos de Malcolm X, O jovem Malcolm X, pela mesma editora; no mesmo ano publicou A lenda do belo Pecopin e da bela Bauldour, tradução do francês e adaptação para HQ do clássico de Victor Hugo, pela editora Mercuryo Jovem. Leciona atualmente para a Educação Básica e para o Ensino Superior privados.