Tecnologia de edição de genes pode evitar que chocolate seja extinto do planeta

Para o pânico de toda a nação, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) prevê que o chocolate pode deixar de existir no planeta até 2050. O motivo seria a inevitável mudança climática, que ameaça o cultivo das plantas de cacau. O principal problema, neste caso, é que as mudas só conseguem crescer dentro de uma faixa limitada de terra, localizada a aproximadamente 20 graus do Equador (norte ou sul), em áreas com umidade constante e chuvas ao longo de todo o ano.

A Costa do Marfim e Gana, dois países da África Ocidental, atualmente provém mais da metade dos grãos de cacau do mundo, e a temperatura nestes dois locais poderá experimentar um aumento nos próximos anos. As medidas e soluções para contornar esta situação e prolongar o cultivo de cacau até então se provaram lógicas e rápidas, mas não muito abrangentes: a exemplo disso, existe a opção de empurrar as fazendas de cacau para fora das florestas tropicais e alocá-las nas áreas montanhosas mais frias, o que poderia ser uma boa saída se estes locais já não fossem reservados à conversação de floresta e vida selvagem.

E qual seria a melhor alternativa?

Embora a localização seja a chave aqui, alguns cientistas da Universidade da Califórnia em Berkeley juntaram-se à companhia de alimentos e doces Mars, a criadora das marcas de chocolate M&M’s e Snickers, para trazer uma nova solução ecológica a longo prazo e salvar o cultivo de cacau.

De acordo com o Business Insider, o projeto “Sustentabilidade de uma Geração” recebeu um investimento de U$S 1 bilhão da empresa dos famosos chocolates e, graças a este feito, os pesquisadores de um programa de planta genômica da universidade usarão uma tecnologia de edição de genes chamada CRISPR para transformar as mudas e fazer com que estas consigam sobreviver a climas mais secos e mais quentes.

Ainda não se sabe quanto tempo esta iniciativa levará ou até mesmo se trará os resultados desejados, mas o plano é que as plantas sejam transformadas e consigam sobreviver e prosperar em variados climas, tornando, inclusive, os cultivos mais baratos e confiáveis.

O uso do CRISPR é direcionado, porém discutível

Não seria a primeira vez que o cultivo de cacau recebe alertas de extinção. Ao longo dos anos, diversos relatórios diziam que o chocolate poderia desaparecer ainda mais cedo, em 2020 – previsão que já foi desmentida. As preocupações a respeito das mudanças climáticas ao redor do globo e, por tabela, a escassez de outros alimentos que podem sofrer com estas alterações, no entanto, continuam.

Graças a controversa ferramenta CRISPR, pequenos ajustes no DNA das espécies cultiváveis serão possíveis e, dependendo dos resultados, poderão ser aplicados também em outras áreas. Jennifer Doudna, a geneticista que inventou o CRISPR afirma que a tecnologia está em andamento há algum tempo e possui enorme potencial. E, ainda que existam previsões de que o CRISPR possa ser utilizado para erradicar doenças humanas e até criar os chamados “bebês de grife”, Doudna acredita que sua criação será aplicada em alimentos e não em humanos.

Além de supervisionar o projeto juntamente à Mars, Doudna também está à frente de um laboratório de pesquisas na universidade de Berkeley chamado Instituto de Genômica Inovadora, onde muitos estudantes de pós-graduação concentram suas pesquisas no uso do CRISPR com o intuito de beneficiar pequenos agricultores num mundo em pleno desenvolvimento. Além disso, a geneticista também montou a empresa Caribou Biosciences para colocar o CRISPR em prática, e licenciou a tecnologia para a empresa agrícola DuPont, visando uma cultivação de qualidade para o milho e para o cogumelo. Além do cacau, o projeto também visa proteger o cultivo de mandioca.

Fonte: Business InsiderTechTimes