Deputado do PSL oferece R$ 10 mil pela morte de homem no Espírito Santo; assista

O deputado usou a tribuna para oferecer recompensa a quem cometesse o homicídio. (Foto: Tati Beling/ALES)
O deputado usou a tribuna para oferecer recompensa a quem cometesse o homicídio. (Foto: Tati Beling/ALES)

O deputado estadual Capitão Assumção (PSL-ES) usou a tribuna da Assembleia Legislativa do Espírito Santo para oferecer uma recompensa de R$ 10 mil para quem matar o suspeito de assassinar uma mulher de 26 anos na frente da filha. A declaração foi gravada em áudio e vídeo. O crime aconteceu em Cariacica, nos arredores de Vitória. O político diz que vai tirar o dinheiro “do próprio bolso”:

“Quero ver quem vai correr atrás pra prender esse vagabundo. Dez mil reais aqui do meu bolso para quem mandar matar esse vagabundo. Eu tiro do meu bolso quem matar esse vagabundo. Não vale dar a localização, não! Tem que entregar o cara morto, aí eu pago.

Na mesma sessão, ele reiterou a oferta: “Temos que parar de falar que preso é boa pessoa. Preso está lá por que fez mal. (…) Temos que parar com essa ideia de patrocinar vida boa para vagabundo. (…) É menos um vagabundo para dar trabalho para a sociedade, para quem sai as quatro horas da manhã para trabalhar e volta as dez horas da noite para ter uma vida honesta”.

A declaração causou polêmica. A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Espírito Santo afirmou que a fala do deputado do PSL é um “grave retrocesso”.

“De um representante do Poder Legislativo, espera-se mais responsabilidade, e não o incentivo à barbárie”, opinou a diretora de Direitos Humanos da OAB-ES, Flávia Brandão. E continuou, em nota: “O deputado deve primeiramente respeitar as leis e a justiça, além de trabalhar para aprimorar os mecanismos de segurança pública existentes.”

À reportagem da Rádio CBN, o deputado Hudson Leal (PRB), presidente da Corregedoria da Ales, disse não ter ouvido a fala de Capitão Assumção. Afirmou, também, que o órgão só pode atuar quando há uma denúncia formal sobre o comportamento de um parlamentar – e que, nesse caso, não recebeu nenhuma.

Especialistas consultados pela rádio afirmam que, pelo regimento interno da Ales, a atitude do deputado configura quebra de decoro, e que a imunidade parlamentar não pode ser utilizada como justificativa nesse caso. Procurado pelo UOL, Capitão Assumção confirmou que fez a oferta e anunciou que gostaria de ter oferecido uma quantia maior: “Foi um recado ao Estado para que ele haja mais rápido do que a ação criminal”.

Maiara de Oliveira Freitas, de 26 anos, foi assassinada ontem (11). Dois homens encapuzados invadiram sua casa e a mataram na frente da filha. A principal suspeita é que o crime tenha sido motivado por vingança.