Mortes por encomenda são maioria em Pernambuco

Cerca de 60% das vítimas de homicídio no Estado são pessoas marcadas para morrer. Padecem nas mãos de grupos de extermínio, por disputas na guerra do tráfico de drogas ou após deixarem o sistema prisional. Exemplos não faltam. No último dia 11 de março, o bairro de Boa Viagem, na Zona Sul, registrou três execuções. No final da tarde, na comunidade de Entra Apulso, dois homens foram assassinados por ocupantes de dois carros enquanto jogavam dominó na rua. Quatro horas depois, e a dois quilômetros dali, na Avenida Conselheiro Aguiar, um outro homem foi alvejado por uma dupla que pilotava uma moto. Nos dois casos, nada foi roubado das vítimas, nada foi dito pelos agressores.

São mortes que vêm aumentando anualmente desde 2013, quando o Pacto pela Vida alcançou seu melhor resultado, após cinco anos seguidos (2008 a 2012) de redução nos índices. De 2013 até agora, o número absoluto de homicídios por ano aumentou em 44%. Apenas este ano são 1.522 vidas perdidas nos três primeiros meses, 466 a mais que o mesmo período de 2016. Patamar de mortes violentas que levou Pernambuco de volta às manchetes – negativas – nacionais.

INTERIOR

O interior do Estado responde por 54,4% dos homicídios. Alguns municípios preocupam o governo. Amaraji, na Zona da Mata Sul, tem 22 mil habitantes. Em 2015, foram registrados 4 assassinatos na cidade. No ano passado, nada menos que 30. Um aumento de incríveis 750%. Em Jaqueira, também na Zona da Mata, apenas um homicídio ocorreu na cidade em 2015. Em 2016 foram 11. Percentual de aumento: 1.100%. Itambé, na Mata Norte, Gravatá, no Agreste, e Araripina, no Sertão, também estão no radar da Secretaria de Defesa Social (SDS) devido a índices acima da média histórica das cidades.

Diante do cenário mais adverso desde a criação do Pacto pela Vida, em 2007, o secretário Ângelo Gioia afirma ter confiança na redução dos índices de criminalidade de uma forma geral. Aposta nas mudanças feitas, no final de fevereiro, nos comandos das Polícias Civil e Militar, no que ele chama de “resgate da hierarquia e disciplina”, e no investimento de R$ 290 milhões anunciado no último dia 12 pelo governo, em efetivo e equipamentos. “Depois das mudanças, já houve uma pequena redução em março com relação a fevereiro. Não é nada para ser comemorado, mas é um indicativo de que estamos no caminho certo”, diz.
Segundo ele, a Polícia Civil terá ações mais qualificadas para investigar e prender os assassinos contumazes. Gioia também quer a

Polícia Militar ajudando na identificação preliminar das motivações dos homicídios. “Nós não tínhamos motivação preliminar para 80% dos assassinatos. A partir do próximo mês, esperamos ter perto de 100% e, com isso, mapear quem está morrendo, onde e por que”. A razão, segundo o secretário, é ajudar na adoção de políticas públicas, para além da atividade policial, nas áreas mais afetadas pela criminalidade.

Fonte: JC.