Revolta e pedidos de justiça marcam enterro de homens mortos em área indígena

 



Sob um clima de tristeza e pedidos de paz e justiça, foram enterrados nesta quinta-feira, 6, os corpos dos três homens encontrados mortos na Terra Indígena Tenharim Marmelos, em Humaitá, no sul do Amazonas. Cinco índios da etnia tenharim estão presos desde o dia 30 de janeiro, acusados do crime.

 

corpos mortos

 

O corpo do representante comercial Luciano Ferreira Freire, de 30 anos, foi enterrado no cemitério municipal de Humaitá. Depois do velório, realizado na casa da mãe de Luciano, cerca de 300 pessoas, segundo a Polícia Militar, seguiu em cortejo para o cemitério. Amigos e parentes de Freire usavam camisetas com as fotos dos três amigos e com frases pedindo justiça.

Em Apuí, as aulas foram suspensas em algumas escolas da cidade, para professores e estudantes acompanharem o velório e enterro do professor Stef Pinheiro de Souza, de 43 anos. Familiares e amigos do professor, que morava e lecionava na cidade, vestiram camisetas brancas com frases pedindo paz no campo. Além disso, faixas brancas foram fixadas em carros e diversas faixas apresentavam frases em homenagem ao professor. Cerca de 500 pessoas, segundo a Polícia Militar, acompanharam o enterro no cemitério municipal de Apuí.

O corpo do técnico da Eletrobras Energia Aldeney Ribeiro Salvador, de 40 anos, chegou a Manaus por volta das 18 horas (horário local) dessa quarta, 5. A cerimônia também foi acompanhada por centenas de pessoas.

Os corpos foram reconhecidos por familiares, na terça-feira, 3. De acordo com a Polícia Federal, eles foram rendidos e mortos com tiros na cabeça, provavelmente de espingarda. As vítimas viajavam pela rodovia Transamazônica quando desapareceram, no dia 16 de dezembro. De acordo com o delegado da PF em Porto Velho, Arcelino Damasceno, os suspeitos negam a autoria do crime.

A polícia ainda aguarda resultados de exames técnicos, que vão indicar a causa da morte, o tipo de arma ou munição empregado, a trajetória dos projéteis e as lesões. O crime seria consequência das disputas entre indígenas e moradores da região.

O desaparecimento dos três homens e a demora na investigação geraram revolta na população dos municípios de Humaitá, Apuí e no distrito de Santo Antônio do Matupi, em Manicoré. Em 25 de dezembro, moradores incendiaram carros, barcos e as sedes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Casa do Indígena em Humaitá. Durante os ataques, 145 índios se refugiaram no batalhão do Exército. No dia seguinte, moradores do Matupi invadiram a terra indígena e incendiaram postos de pedágio na rodovia Transamazônica.

A Força Nacional de Segurança foi deslocada para a região para compor uma força-tarefa com o Exército, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e PMs locais. O clima continua tenso na região. “Para quem sai de Apuí, esta é a única rota, mas dá medo”, disse o técnico agrícola Paulo Jean Araújo Silva.

Fonte: Estado.com

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