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Museu Memórias Vivas abre as portas em Belo Jardim com exposição ‘Extraordinário Cotidiano’

Museu Memórias Vivas abre as portas em Belo Jardim com exposição ‘Extraordinário Cotidiano’

Mostra com 73 obras fotográficas, disponível a partir de 26 de fevereiro, é um tributo à cidade, desde suas fábricas e bandas centenárias até o trabalho silencioso de artesãos e inventores do dia a dia

No coração do agreste pernambucano, onde a memória se entrelaça com o presente e o trabalho molda a identidade, um novo espaço nasce. No dia 26 de fevereiro, Belo Jardim verá as portas do Museu Memórias Vivas se abrirem pela primeira vez. No prédio que um dia abrigou a antiga Fábrica Mariola, a história encontra um lugar para se perpetuar e o cotidiano se revela extraordinário. Para marcar essa inauguração, o museu recebe a exposição “Extraordinário Cotidiano”, da fotógrafa Thalita Rodrigues, um convite para enxergar Belo Jardim além dos fatos históricos e das cifras econômicas. É um chamado para sentir a cidade como quem nela vive e a carrega consigo, em um espaço patrocinado pelo Grupo Moura através da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura.

As ruas, as feiras, os rostos anônimos que dão vida à cidade, os gestos cotidianos que movem Belo Jardim. É nesse universo que Thalita Rodrigues encontrou sua narrativa. Natural do Recife e moradora de Surubim, a fotógrafa frequenta Belo Jardim desde 2013, inicialmente pelo trabalho, depois pela amizade, pelo afeto e pelo vínculo que só se constrói na convivência. Na exposição de 73 obras, seu olhar se volta para personagens e expressões culturais que representam a identidade da cidade, como a Filarmônica São Sebastião, o Maracatu Boi da Gente e as artesãs do Sítio Rodrigues, cujas histórias e tradições ganham um registro sensível e autêntico.

“Para fotografar uma cidade, não basta olhar para ela. É preciso caminhar por suas ruas, ouvir quem as percorre todos os dias, sentir os silêncios e as euforias de cada esquina. Só então a cidade começa a se revelar”, reflete Thalita.

‘Extraordinário Cotidiano” é um tributo à força de Belo Jardim. Não apenas à força de suas fábricas e bandas centenárias, mas principalmente à força discreta dos trabalhadores, dos artesãos e dos inventores do dia a dia. São retratos de mãos que moldam o barro, de olhares que leem o tempo, de máquinas que se reinventam e de pessoas que, com gestos simples, transformam o mundo ao seu redor.

“Mais do que uma cidade de talentos, Belo Jardim é uma cidade de realizações. O trabalho dessas pessoas não pode ser invisível. São elas que constroem o presente e projetam o futuro. Meu olhar se volta para o que há por trás de cada realização, para os sonhos que se materializam em uma peça de barro, em uma música, em um projeto que muda o rumo de uma vida”, explica a fotógrafa.

Espaço construído sobre a memória

O Museu Memórias Vivas, idealizado pelo Instituto Conceição Moura e sede da entidade, nasce não apenas como um espaço de exposição, mas como um relicário do passado e um farol para o futuro. Sua sede ocupa o prédio que um dia foi a Fábrica Mariola, a doceira que, por quase meio século, foi um dos pilares econômicos e afetivos da cidade. Fundada em meados de 1915, a fábrica de Jorge Aleixo da Cunha e Quitéria Batista de Lima cresceu a partir de receitas caseiras e se tornou um símbolo de empreendedorismo e resistência no Agreste.

Ao cruzar as portas do museu, o visitante vai ser convidado a reviver essa história, conhecendo as origens da fábrica e a trajetória de seus trabalhadores. Fotos antigas e réplicas em 3D dos maquinários da época recriam a atmosfera da produção de doces, resgatando a memória de um tempo em que a Mariola representava não apenas o sustento, mas também o orgulho da comunidade.

No fim da visita, o público é convidado a refletir sobre o impacto duradouro dessa história para Belo Jardim. A experiência termina no Cineteatro Cultura, com a exibição de um curta-metragem que explora as memórias do passado e os desafios do presente, fechando com um momento de troca e avaliação entre os visitantes.

O processo curatorial do Museu Memórias Vivas foi elaborado a partir dos próprios fragmentos da antiga Fábrica Mariola. Maquinários restaurados, entrevistas com ex-funcionários e documentos raros ajudaram a reconstruir um cenário que não apenas preserva a história, mas a traduz para as novas gerações.
“Ao montar a curadoria, selecionamos cada item com a intenção de construir uma releitura desse espaço que vai além da estrutura física. Queremos que os visitantes sintam o peso da história ao caminhar pelo próprio prédio. Nosso objetivo é disseminar e salvaguardar as memórias vivas, valorizando as histórias que moldaram a identidade econômica e cultural da cidade, perpetuando o orgulho dos moradores por sua herança”, pontua George Pereira, curador do Museu Memórias Vivas.

Acessibilidade

O Memórias Vivas foi projetado para ser um espaço inclusivo e acessível, garantindo que visitantes de todas as necessidades e capacidades possam aproveitar a experiência. Para atender pessoas com mobilidade reduzida, o espaço conta com rampas de acesso, uma plataforma elevatória e banheiros adaptados. A estrutura também inclui sinalização adequada e miniaturas em 3D das peças em exposição, facilitando o acesso ao conteúdo para visitantes com deficiência visual, enquanto QR codes distribuídos nas galerias irão oferecer audiodescrição.

Além disso, o museu se destaca pelo compromisso em promover acessibilidade total, incluindo a presença de intérpretes de Libras para traduzir as informações e conteúdos expositivos para a Língua Brasileira de Sinais, garantindo que pessoas com deficiência auditiva tenham acesso às exposições e atividades. Monitores capacitados estarão disponíveis para acompanhar e orientar visitantes com deficiência ou transtornos mentais.

Mais do que cumprir as normativas, o museu busca promover uma verdadeira integração e pertencimento, atendendo às necessidades específicas de cada visitante. “A acessibilidade é uma parte essencial da nossa missão, pois queremos que todos se sintam acolhidos e possam se conectar com a história”, reforça George. Esses recursos, somados à estrutura cuidadosa do espaço, refletem o compromisso do espaço em tornar a cultura e a memória acessíveis a toda a comunidade, sem exceção.

Atividades de arte-educação

O Museu Memórias Vivas também se destacará como um centro de arte-educação, com visitas que podem ser integradas às atividades já desenvolvidas pelo Instituto Conceição Moura, responsável pela manutenção do espaço. O complexo, faz parte dos equipamentos culturais do Instituto, sendo o único museu de arte-educação na região, vai proporcionar uma experiência educativa ampliada, unindo a tradição do museu com práticas contemporâneas. Atividades de artes integradas, como música, teatro e tecnologia com robótica, além de exibições de filmes e documentários em uma sala de cinema equipada, enriquecem o aprendizado dos visitantes, promovendo uma imersão criativa e interativa.

“Ter um espaço como o Museu Memórias Vivas junto ao Instituto é uma conquista para toda a comunidade. Ele é mais do que um museu; é um complexo de cultura e arte-educação que apoia diretamente os educadores e inspira crianças e jovens”, afirma Taciana Moura, presidente do Instituto Conceição Moura. “Aqui, os visitantes, especialmente os estudantes, podem vivenciar a história do Agreste enquanto exploram novas formas de expressão artística e tecnológica, tornando-se parceiros ativos do nosso desenvolvimento cultural”.

Legado cultural

O Memórias Vivas nasce com a missão de fortalecer a identidade cultural de Belo Jardim e impulsionar o desenvolvimento artístico e educativo da região. Pensado como um espaço de acesso democrático à cultura, o museu oferecerá programação gratuita para todas as idades, promovendo um encontro entre passado, presente e futuro.
Com a meta de receber cerca de 9 mil visitantes entre 2025 e 2026, o espaço pretende se consolidar como um referência em arte-educação e preservação da memória do Agreste. Para Taciana Moura, o museu não é apenas um repositório de histórias, mas um espaço vivo, que resgata, valoriza e amplia o patrimônio cultural da região.

“Queremos que o Museu Memórias Vivas seja mais do que um local de exposição; queremos que ele seja um ponto de pertencimento e aprendizado, onde as pessoas possam se conectar com a riqueza cultural do Agreste e com as histórias que moldam nossa identidade”, destaca Taciana Moura, presidente do Instituto Conceição Moura.

Mais do que preservar o passado, o Museu Memórias Vivas se propõe a ser um catalisador de novas experiências culturais, incentivando a criatividade, o conhecimento e o engajamento da comunidade na construção de um futuro onde a história segue pulsando.

O projeto é patrocinado pela Baterias Moura através da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura.

SERVIÇO

Museu Memórias Vivas
Endereço: Rua Marechal Deodoro, 45, no Centro de Belo Jardim
Funcionamento: De terça-feira a domingo, das 9h às 20h
Entrada gratuita
Inauguração: 26 fevereiro

Agendamentos: 81 97314-6655