SEBASTIÃO NERY – COMADRE DILMA

NERY

RIO – Em novembro de 1963, um “destacamento precursor” da presidência dos Estados Unidos chegou a Natal para preparar a visita do presidente John Kennedy e Jacqueline a Natal e Brasília, na primeira quinzena de dezembro. O governador Aluizio Alves esteve com ele em Washington, convidou e ele acertou passar por Natal antes de Brasília:

          – Kennedy desceria no aeroporto internacional de Natal (Parnamirim), iria de helicóptero até o estádio Juvenal Lamartine, de lá para a Casa de Hospedes, em frente ao palácio do governo, daria uma entrevista coletiva à imprensa, almoçaria e repousaria algumas horas.

                                         KENNEDY                     

À tarde, Kennedy conversaria com o governador e depois participaria de uma reunião do secretariado, onde o secretario da Educação, Calazans Fernandes, faria uma exposição sobre o Programa de Educação, que aplicava recursos da ‘Aliança para o Progresso”, e o governador falaria sobre o programa de Habitação Popular e outros projetos.

Na manhã seguinte, Kennedy visitaria, em Angicos, em pleno sertão, a experiência pioneira do educador Paulo Freire com seu histórico “Curso de Alfabetização em 40 horas”.           

                                                   JACQUELINE

          Convidado por um casal de lavradores pobres de Angicos, Kennedy e Jacqueline batizariam um menino que teria o nome obvio de João.

          A viagem morreu no programa. Antes do fim do mês, no dia 22 de novembro de 1963,  uma bala explodiu a cabeça de Kennedy em Dallas, nos Estados Unidos. Em Angico, na sua roça, os pais de João, desolados, choraram a noite inteira. O marido quis consola-la:

          – É assim mesmo, minha filha. A vida política é muito perigosa.

          – Mas, homem, eu não estou chorando nem é por ele. Estou pensando é na dor que não estará sentindo a comadre Jacqueline.

                                                   O  GOLPE

          Quatro meses depois veio o golpe militar de 1964, que prendeu, cassou e exilou, na africana Guiné-Bissau, Paulo Freire, cujo crime era querer ensinar o afilhado de John e Jac a ler em 40 horas.

          Também foram presos outros diretores do Programa de Alfabetização. Mas  Aluizio Alves cumpriu o prometido. Concluiu as mil salas de ala, treinou 4 mil professores leigos, terminou a Cidade da Esperança e convidou o senador Robert Kennedy, irmão de John, e sua mulher Ethel, para inaugurarem o Instituto Presidente Kennedy em Natal.

           No segundo aniversario do assassinato de John Kennedy, 22 de novembro de 1965, os dois chegaram a Natal.

BOB

           Uma multidão os esperava. Eu estava lá e vi. O palanque em frente ao Instituto ficou inacessível. Bob Kennedy, jovem, com o cabelo despenteado caindo sobre o rosto, chamou Aluizio Alves para subirem no telhado e, lá de cima, declararem inaugurado o Instituto Presidente Kennedy. E assim foi feito. Um edifício inaugurado de cima do telhado.

           Na saída, um constrangimento. Naquele empurra-empurra, Bob Kennedy perdeu o alfinete de brilhante da gravata. Ficou desolado:

         – “Era presente de minha mãe na minha primeira eleição”.                                 

ALUIZIO

         O governador Aluizio subiu de novo no telhado e pediu a quem tivesse achado que trouxesse. Um homem humilde, mãos calosas, apareceu com o alfinete, que ele achou “brilhando  muito no chão”.

          Três anos depois, em 1968, como o irmão John, Bob Kennedy foi assassinado em Los Angeles, depois de vencer as eleições primarias do Partido Democrata na Califórnia, para presidente dos Estados Unidos.

          Em 7 de fevereiro de 1969, os militares do AI-5 de Costa e Silva

cassaram o mandato de Aluizio Alves (era deputado federal)  e suspenderam seus direitos políticos.

          Vai ser difícil levar Obama ou qualquer outro presidente dos Estados Unidos para visitar Natal.

OBAMA

          Dilma vai receber de Obama as honras de Visita de Estado. Precisa  dizer-lhe como ser um presidente de verdade, personalidade e caráter.

A religião de Obama  é a  da Mentira. Enganou-nos a todos. Tudo que prometeu  faz ao contrário. Guantanamo continua lá.  Centenas de milhares de soldados americanos  espalhados por ai. Aviões robôs voando sem piloto  e matando civis pelo mundo afora.

E Obama, com aquela cara de pato molhado, gravando os telefones do mundo. Inclusive o meu, o seu, os nossos. E todos os da Dilma.

sebastiaonery@ig.com.br

                                        

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