Fraude no INSS: PF aponta que presidentes de associações recebiam Bolsa Família
A Polícia Federal identificou que presidentes de entidades envolvidas em um suposto esquema bilionário no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) estavam inscritos em programas sociais como o Bolsa Família, Auxílio Brasil e Cadastro Único (CadÚnico). A informação consta no inquérito da PF obtido pela CNN hoje. Os dirigentes atuavam em associações como a AAPB (Associação dos Aposentados e Pensionistas Brasileiros), a ABSP/AAPEN (Associação Brasileira dos Servidores Públicos/Associação dos Aposentados e Pensionistas do Nacional) e a Universo (Associação dos Aposentados e Pensionistas dos Regimes Geral e Próprio da Previdência Social). As informações são da CNN Brasil.
“Cinco [eram] cadastradas no CadÚnico e/ou beneficiárias do Bolsa Família/Auxílio Brasil”, aponta a PF no documento. Para os investigadores, a situação de vulnerabilidade dessas pessoas pode indicar comprometimento na gestão de entidades que administram grandes volumes de recursos públicos. As associações são investigadas por captação irregular de aposentados e pensionistas, com suspeita de desvio de valores e cobranças indevidas. Veja:
- Maria Ferreira da Silva assumiu a presidência da AAPB em novembro de 2021. Inscrita no CadÚnico com renda familiar per capta declarada de R$ 1.320;
- Maria Liduina Pereira de Oliveira assumiu a presidência da AAPB em fevereiro de 2022. Recebeu Bolsa Família até outubro de 2015;
- Maria Eudenes dos Santos assumiu a presidência da ABSP/AAPEN em novembro de 2022. Foi beneficiária do Bolsa Família até julho de 2021 e do Auxílio Brasil até fevereiro de 2022. Inscrita no Cadúnico com renda per capta familiar declarada de R$ 1.320;
- Francisca Da Silva de Souza assumiu a presidência da ABSP/AAPEN em janeiro de 2024. Foi beneficiária do bolsa família até outubro de 2015;
- Valdira Prado Santana Santos assumiu a presidência da Universo em janeiro de 2021. Está registrada no CadÚnico.
Ainda de acordo com a investigação, há indícios de que essas entidades não possuíam estrutura para prestar os serviços prometidos aos associados. A PF questiona a capacidade operacional das associações para processar filiações e oferecer suporte aos beneficiários. O caso segue sob investigação.
O que dizem os citados
A CNN entrou em contato com as entidades investigadas e aguarda posicionamento. A CNN também tenta contato com os dirigentes citados.
Em nota, a Associação de Aposentados e Pensionistas do Brasil, que teve suas atividades suspensas por medida cautelar, disse que “agirá de forma colaborativa com a investigação, sendo sua prioridade que os fatos sejam devidamente esclarecimentos, de modo a evidenciar que há anos atua de forma dedicada, abnegada e comprometida em prol de seus associados”.
“A AAPB sempre obedeceu a legalidade, tendo apresentado toda documentação pertinente para a obtenção do Acordo de Cooperação Técnica junto ao INSS e respeitando todo trâmite burocrático atinente a sua atividade”, informou.