O abandono da Transposição

Canteiros de obras abandonados, estruturas danificadas, canais, pontes e reservatórios inacabados. Este foi o cenário encontrado pela repórter Taisa Alencar, do G-1 em Petrolina, em parte dos 260 km do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco. Em Cabrobó, uma Estação de Bombeamento (EBI-1) foi entregue em 2015, mas a água do ‘Velho Chico’ nunca foi utilizada pela população.

A obra, que já dura dez anos, está atrasada após a empreiteira apresentar dificuldades para a conclusão do projeto. Agora, o Ministério da Integração Nacional ainda aguarda um novo processo licitatório para aprovar outra construtora que dará continuidade ao projeto. A Transposição começou em 2007, pelo Exército Brasileiro. Em 2008, começaram as frentes de serviço das empresas privadas que ganharam as licitações dos lotes do empreendimento.

A transposição tem como proposta levar água para 12 milhões de pessoas em quatro estados: Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. A previsão inicial era de que a obra, dividida em Eixos Leste e Norte, fosse concluída em 2014. Com o primeiro adiamento, a previsão foi para dezembro de 2016 e, agora, a expectativa é para o segundo semestre de 2017.

O custo, orçado inicialmente em R$ 4,5 bilhões, subiu para R$ 8,2 bilhões e agora está em R$ 9,6 bilhões. De acordo com o Ministério, o novo valor é resultado de atualizações previstas em contratos. Na última sexta-feira, o presidente Michel Temer (PMDB) esteve em Sertânia, para inaugurar um trecho do Eixo Leste da transposição. Abriu a comporta do reservatório de Campos. A água encherá o açude e vai percorrer canais e outras estruturas até chegar a Monteiro, na Paraíba.

O projeto do Eixo Norte possuiu três estações distribuidoras, com 260 km de extensão, que deveriam estar em pleno funcionamento até dezembro de 2015. A captação de água ocorreria em Cabrobó, seguindo por Terra Nova, Salgueiro, Verdejante e Penaforte (CE), Jati (CE), Brejo Santo (CE), Mauriti (CE), Barro (CE), Monte Horebes (PB), São José de Piranhas (PB), e Cajazeiras (PB).

A primeira Estação de Bombeamento (EBI-1), do Eixo Norte foi acionada em agosto de 2015. A água percorreu 45,9 km até chegar aos reservatórios de ‘Tucutú’ e ‘Terra Nova’. Segundo o Ministério da Integração, o sistema operaria 16 horas por dia, durante cinco dias na semana, para que entre os meses de novembro e dezembro de 2015, a água dos reservatórios pudesse abastecer as comunidades.

Na ocasião, Dilma Rousseff e o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, assinaram um termo de compromisso para garantir água para a população que mora próximo ao canal. O convênio abrangeria 172 comunidades, beneficiando 40 mil pessoas. Quase dois anos depois, nenhuma família foi beneficiada.

LICITAÇÕES– Para dar continuidade às obras dos trechos atrasados, um novo processo de licitação foi realizado pelo Ministério da Integração e o resultado deveria ser divulgado em janeiro passado. Mas, após análise técnica, a Comissão Permanente de Licitação da pasta inabilitou as duas primeiras colocadas e iniciou a análise de documentos da terceira. Dos 27 reservatórios, o Ministério da Integração garante que 15 foram concluídos, entre eles o de ‘Terra Nova’ e ‘Tucutu’, que já receberam á água do Rio São Francisco. Outros oito estão em fase final com mais de 95% de execução.

Fonte: Magno Martins.