Trajetória do escritor pernambucano Gilvan Lemos é contada em biografiaLivro escrito pelo jornalista Thiago Corrêa rememora desde a infância, em São Bento do Una, até os últimos dias do autor

O pernambucano Gilvan Lemos (1928-2015) sempre foi um escritor excêntrico. Não se interessava por literatura na juventude, largou a escola cedo, apreciava a solidão e, durante a vida toda, teve a timidez como um dos principais traços da personalidade. Dois anos após ter morrido, ele permanece um ponto fora da curva: nesta segunda-feira (10), às 19h, ganhará biografia na Coleção memória, criada pela Cepe para homenagear personalidades vivas. Escrito pelo jornalista Thiago Corrêa, Gilvan Lemos: O último capítulo (186 páginas, R$ 80) será lançado na sede da Academia Pernambucana de Letras (Avenida Rui Barbosa, 1596, Graças). O acesso é gratuito.

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A obra deveria ter sido costurada a partir das lembranças de Gilvan, por meio de entrevistas. Dois dias após o primeiro encontro entre biógrafo e biografado, no entanto, veio a notícia do falecimento. Restaram apenas uma hora e 18 minutos de uma conversa gravada cheia de entraves, como lapsos de memória e dificuldades de audição do escritor de Noturno sem música e Jutaí menino, então com 87 anos.

Em ordem cronológica, a biografia retoma a infância e a juventude de Gilvan Lemos na cidade natal, São Bento do Una. A paixão por cinema e histórias em quadrinhos ganha textos à parte, como se fossem prelúdio para a iniciação dele na literatura, um terceiro interesse surgido após a leitura de O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas. Em seguida, a produção ficcional é detalhada, seguida de assuntos como a mudança para o Recife, os amores de sua vida e a consolidação da carreira literária.

[ Depoimento
“Comecei as entrevistas logo antes de ele morrer. Fiquei perdido, sem saber se o projeto teria continuidade. Sem Gilvan, algumas lacunas nunca mais serão preenchidas. Tive que recorrer à família, aos amigos, a autores que conviveram com ele. Na imprensa, tive a sorte de encontrar a carreira de Gilvan bem registrada. (…) O que moveu Gilvan foi a possibilidade de mostrar que ele era capaz. Mesmo sendo de cidade do interior, tendo apenas o ensino médio, ele conseguiu ser escritor… e um grande escritor”
Thiago Corrêa,
biógrafo