A saída para o Brasil é mais democracia, afirma a deputada Laura Gomes

 Chegamos aos 54 anos de ditadura no Brasil, no último sábado, 31 de março. No regime militar, o Congresso foi fechado duas vezes. Eleições foram suspensas. Foram cassados mandatos. Líderes foram presos. Além da tortura em quartéis, houve mortes, banimentos e restrição às liberdades de reunião e de expressão. Os meios de comunicação foram censurados.

 O pretexto do golpe foi a ameaça do comunismo. E todos os suspeitos de apoiar as ideias subversivas foram perseguidos e transformados em inimigos a serem destruídos, até fisicamente. Seguindo uma longa tradição autoritária, o Brasil deixou de lado, mais uma vez, a democracia, e voltou à Ditadura em 1964, como já acontecera em 1937 quando Getúlio Vargas fechou o Congresso, colocou todos os partidos políticos na ilegalidade e governou como ditador até 1945.

 As conversas nos bastidores, hoje, em 2018, prenunciam um ambiente cinzento: radicalização nas redes sociais, nas ações de grupos extremistas, nas candidaturas simpáticas à força como solução das questões sociais. Na perseguição às minorias, na violência de gênero, de raça, de status social.

 Assassinatos já rotineiros de lideranças defensoras dos mais frágeis na nossa escala social ganharam uma simbolização dramática na figura da vereadora Marielle Franco. A brutalidade política se desenhou, de novo, nos ataques à caravana do ex-Presidente Lula, em estados do Sul, com o incentivo à violência explicitada na mídia por políticos e até uma desembargadora do Rio.

 Estamos, portanto, num clima muito semelhante aos tempos próximos do golpe militar de 1964.

A ameaça à democracia é clara. É indiscutível. Está escrita, falada e televisada. O pretexto, agora, não é tão objetivo como antes, mas se dirige à “esquerda” e aos que buscam distribuir melhor a renda nacional com a maioria da população, ou defendem ideias de igualdade e direito do povo decidir, pelo voto, que governo prefere.

 Há quem não tenha aprendido nada com os 21 anos de regime militar. Há quem deseje a força como saída para as questões da renda, da crise social, da corrupção, da representação política.

O problema é que sabemos não haver soluções fora da democracia. Sabemos que o melhor meio de resolver os problemas do país é o aperfeiçoamento dos mecanismos da educação política e da participação social. Mais democracia, portanto.

 Não vamos permitir atentados ao direito de expressão, nem vamos consentir agressão tosca e desrespeitosa às pessoas. Liberdade não significa licença pra tudo. Limites sociais são norma em todas as sociedades. Vamos, então, discutir os limites. Assim como estamos impondo limites ao crime e à corrupção.

 Devemos ser intolerantes com o desrespeito, a truculência e os atos criminosos sob o pretexto de ação política. Seja de movimentos organizados ou de indivíduos. Do Legislativo, do Executivo ou do Judiciário. A norma de ouro da democracia é a igualdade. A meta democrática é o governo pelo povo. Então quem atenta contra a democracia comete crime duas vezes. Contra a igualdade e contra o povo.

Laura Gomes

Deputada Estadual