Falta um condutor do processo eleitoral na oposição recifense 

As gestões do PSB representam um projeto vitorioso da Frente Popular iniciado por Eduardo Campos em 2006, de lá pra cá todos os candidatos no governo e na prefeitura do Recife foram eleitos apoiados pelo PSB ou eram integrantes da sigla socialista. Foram quatro eleições para governador e três para prefeito do Recife com vitórias da Frente Popular.

A soberania socialista em Pernambuco, algo jamais visto na história democrática do nosso estado, atrofiou a oposição, que além de não se reinventar sente a carência de um líder que aponte o caminho. O ex-senador Armando Monteiro e o senador Fernando Bezerra Coelho poderiam ser tais condutores, porém o primeiro pelas duas derrotas para o governo de Pernambuco perdeu as condições de manter a tropa unida, sua dificuldade se viu até mesmo no PTB com a saída de importantes quadros do partido. Já o segundo, talvez pela sua atuação mais restrita ao sertão e também pela função de líder do governo Bolsonaro, tem dificuldades de conduzir o processo no Recife.

Sem esse condutor que aponte para um caminho, a oposição, ainda que tenha argumentos sólidos e extremamente plausíveis, enfrenta dificuldades de apresentar um projeto competitivo que faça jus à  alternância de poder na capital pernambucana. É evidente que da forma pulverizada que a oposição está, sentirá dificuldades reais de se viabilizar, é preciso não só um natural afunilamento como também considerar a hipótese de compor com nomes que hoje estão no governo sem descartá-los da possibilidade de serem apoiados por quem está na oposição em prol de algo maior.

Cabe à oposição avaliar que separada não irá a lugar nenhum, mas tem outra vertente, é a de que 2020 pode ser um divisor de águas na engenharia política estabelecida em Pernambuco ou consolidar ainda mais a hegemonia do PSB no estado, e a segunda opção se concretizando pode comprometer até mesmo os parcos espaços que a oposição ainda tem em Pernambuco.  O tempo está passando e as definições precisam acontecer o quanto antes, pois quem é coxo obrigatoriamente tem que partir mais cedo.

 

Edmar Lyra