Irmãs que foram diagnosticadas com distrofia motora aos 8 anos enfrentam preconceito e realizam sonhos, em Sanharó

No sítio das Moças, em Vila Pequena, zona rural de Sanharó, Agreste de Pernambuco, a dona de casa Maria das Graças Bezerra tem muito orgulho das três filhas. “Sou mãe de Fabiana, de Poliana e de Natália”, disse. Dona Graça, como é conhecida, se transforma quando alguém fala mal de alguma filha dela. Reação de quem já passou por muita coisa na vida.

A história das irmãs do Sítio das Moças começou quando os vizinhos Graça e Antônio começaram a se olhar com mais carinho do que o normal. Em pouco tempo, os dois, que eram primos, também se tornaram namorados. Quando as filhas do casal tinham por volta dos 8 anos de idade começaram a ter dificuldade para andar e se manter em pé. No médico, descobriram que elas tinham distrofia hereditária sensitiva motora.

“A parte genética, porque os meus pais são quase irmãos. A mãe do meu pai é irmã da mãe da minha mãe. E na nossa família já tinha tios que tinha a deficiência, mas na época a família não sabia o diagnóstico correto. Essa deficiência não melhora. Nós vamos perdendo os movimentos aos poucos, inclusive a fala e a respiração”, explicou a estudante Poliana Bezerra.

Mesmo morando longe de hospitais, nunca faltou força de vontade para seguir o tratamento. “A gente ia fazer fisioterapia, debaixo de sol e chuva, em uma carroça de burro. Nunca baixamos a cabeça para ninguém”, ressaltou a dona de casa Fabiana Bezerra.

Desde a infância, elas se deslocam até o Recife para fazer o tratamento da AACD, que doou as cadeiras elétricas. Elas saem de madrugada e voltam à noite. Juntas, também precisaram enfrentar o preconceito. “As pessoas têm preconceito porque não entendem o que está acontecendo. Eu costumo explicar”, contou a estudante Natália Bezerra.

Sonhos e objetivos

A primeira das irmãs a conseguir realizar os objetivos que traçou foi a mais velha, Fabiana. Ela casou e teve dois filhos. A do meio, Natália, concluiu o Ensino Médio e agora cursa informática. A mais nova, Poliana, ingressou no Ensino Superior, no curso de engenharia de software, e também tem uma filha. Elas são um orgulho para a família.

Para dona Graça, o momento de mais orgulho como mãe foi quando as filhas começaram a estudar e aprenderam a ler. “Eu não tive a oportunidade que nós demos para elas”, ressaltou o agricultor Antônio dos Santos, pai das três mulheres.

Cada uma das irmãs mora em uma casa diferente. Mas, quando se encontram, os filhos de Fabiana e Poliana fazem festa na casa dos avós Maria das Graças e Antônio.

G1 Caruaru