Bolsonaro não demonstra empatia pela Bahia porque tem pouco voto no estado
Leonardo Sakamoto, em seu blog
Se a tragédia que devasta o Sul da Bahia tivesse ocorrido no interior de Goiás ou do Rio Grande do Sul, locais onde o presidente conta com índices de aprovação melhores que a média nacional, ele teria tirado férias sem antes demonstrar empatia a desabrigados e familiares dos mortos? Provavelmente, não.
A questão não é a preferência pela população deste ou daquele estado, mas a percepção de que o interior da Bahia deve entregar a maioria de seus votos ao seu principal adversário, o ex-presidente Lula. Nesse cálculo mórbido, a priorização a essa região é tempo perdido. Melhor fazer festinha com os banhistas em Santa Catarina.
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Mas, se fossem outros locais atingidos, ele teria se deslocado novamente para a região, montado um gabinete de crise, oferecido quantidades decentes de recursos – e não os caraminguás que liberou até agora.
Até porque, neste caso, estaria reforçando a sua base eleitoral ao tentar convencer as pessoas que ele realmente se importa com a vida humana – por mais que 620 mil cadáveres durante a pandemia, dos quais mais de 400 mil evitáveis se ele não tivesse sabotado o combate à covid-19, sejam a prova de que isso não é verdade.
Nesse contexto, se 620 mil óbitos significam “apenas” 0,29% dos brasileiros, o que são duas ou três dezenas de mortes no Sul da Bahia? É um cálculo mórbido, mas que funciona para o seu eleitorado. E o que Jair precisa é de seu eleitorado fiel, pelo menos no primeiro turno das eleições. Depois é pregar o velho antipetismo.