UM GOVERNO PARALELO COMO SEMPRE

Por Nogueira Netto

O historiador e ex-senador Darcy Ribeiro dizia que a crise na educação não era uma crise, mas um projeto, frase cada vez mais atual. Depois da CPI da Covid revelar um gabinete paralelo que lucrou com a compra desnecessária de cloroquina e tentar mudar até mesmo a bula desse remédio, ignorando cartas da Pfizer e aconselhando seu rebanho e não querer a vacina, causando a morte de uns e o lucro de outros, agora o próximo gabinete paralelo novamente revelado foi o da educação. Em uma atitude novamente inconstitucional, o Estadão revelou a influência de pastores evangélicos no MEC, desde 2019, ferindo o estado laico e utilizando a máquina pública para benefícios financeiros e logicamente eleitoreiros, pois, segundo o Prefeito de Luis Domingues (MA) Luis Domingues, a liberação de recursos para a construção de escolas e creches dependia do envio de R$ 15,000,00 adiantados para o pastor Ariltom Moura, o valor total seria o equivalente a 1Kg de ouro em dinheiro. Sei que há religiosos dedicados, a exemplo do Padre Júlio Lancellotti, o qual faz um trabalho incrível com a população de rua na capital de São Paulo, entre outros, mas não parece ser o que predomina em um meio no qual a confiança dos fieis gera voto, que gera dinheiro, que gera pessoas eleitas sem a mínima responsabilidade. E a família brasileira? Preocupada com Escola Sem Partido, colocando até mesmo seus filhos para fiscalizar e filmar os professores em sala de aula e acreditando na fake news da mamadeira de piroca em 2018, estão se manifestando a respeito? Até agora não, parece que no fim das contas, a preocupação não era com a qualidade da nossa educação, mas com um moralismo que não educa ninguém, apenas elege um grupo que tem prejudicado cada vez mais a educação, desvalorizado o pensamento crítico, enaltecido a ignorância e acabando com as chances de uma boa educação nas escolas públicas do nosso país. Paralelamente a isso, uma rede de fake news não para de funcionar expondo inaugurações de obras que ele nunca começou e/ou nunca terminou e mostrando um país avançando na internet, mas que fora dela, retarda cada vez mais um avanço que já estava no ritmo de tartaruga.