Eduardo Guardia, ex-ministro da Fazenda e CEO da BTG Pactual Asset, morre aos 56 anos

Morreu hoje, aos 56 anos, o CEO da BTG Pactual Asset, Eduardo Refinetti Guardia.

O economista, que estava no BTG desde 19 de janeiro de 2019, ocupou o cargo de ministro da Fazenda durante os últimos nove meses do governo Temer. Assumiu a função, até então ocupada por Henrique Meirelles, após ter atuado como secretário-executivo do Ministério da Fazenda entre 2016 e 2018.

Sua nomeação, contudo, foi vista com certa desconfiança pela ala política da administração do ex-presidente Michel Temer. Como boa parte dos ministros da Fazenda, Guardia desempenhava com afinco a missão de dizer “não” àqueles que pretendiam expandir os gastos e, por isso, era visto como alguém sem muito “jogo de cintura”. Além do mais, alguns gostavam de classificá-lo como “agente infiltrado tucano” pelo fato de ter trabalhado para o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.

Quando assumiu a vaga de Meirelles, Guardia fez questão de ressaltar em seu discurso o compromisso com a disciplina fiscal e com a agenda da produtividade e da eficiência. Não deixou, porém, de também acenar ao meio político: destacou a importância do diálogo com o Congresso Nacional para a aprovação de projetos que pudessem estimular investimentos privados e promover a retomada da confiança na economia.

Internamente, era querido pelos servidores da pasta pelo respeito à posição da área técnica, o que para alguns servidores é uma qualidade cada vez mais rara. Em vários episódios, conforme relatos de servidores, Guardia funcionava como uma barreira de proteção para impedir ingerências políticas. Apesar da rotina pesada de trabalho, costumava reservar algumas manhãs para se dedicar ao remo no Lago Paranoá.

Guardia passou por momentos atribulados no cargo. Em maio de 2018, por exemplo, ajudou a negociar um acordo para o fim da greve dos caminhoneiros, que impactava diretamente a inflação e o crescimento econômico. Tez parte das discussões iniciais sobre a revisão do contrato de cessão onerosa feito entre a Petrobras e a União em 2010. O tema era tão sensível que na ocasião, para evitar vazamento de informação, os participantes assinaram contrato de confidencialidade e sigilo.

Antes de ser secretário-executivo, ele foi secretário do Tesouro Nacional em 2002 (maio a dezembro) – no fim do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Mas, já tinha experiência em outras áreas do Ministério da Fazenda. Foi secretário-adjunto da Secretaria de Política Econômica, assessor especial do então ministro Pedro Malan e secretário-adjunto do Tesouro.

Com o fim do governo FHC, Guardia assumiu a Secretaria de Fazenda de São Paulo em 2003, na gestão do governador Geraldo Alckmin, onde ficou por três anos. Ele já tinha passado pelo governo paulista nos anos 90 nas funções de chefe da assessoria econômica do secretário-adjunto da Fazenda, assessor do secretário do Planejamento e pesquisador fiscal.

Guardia era lembrado nos setores público e privado como um profissional sério, respeitoso, centrado, organizado e extremamente qualificado tecnicamente.

Doutor em economia pela Universidade de São Paulo (USP), Eduardo Guardia também foi diretor de produtos e relações com investidores da BM&F Bovespa, diretor executivo da B3 e diretor financeiro e de relações com investidores da gestora GP Investments.

Deixa a esposa Maria Lúcia. Não tinha filhos. A causa da morte não foi divulgada.

Valor Econômico