O balanço vai além do PSB: na 1ª eleição majoritária, Danilo saiu maior do que entrou

O deputado federal Danilo Cabral saiu dessa disputa para o governo politicamente maior do que entrou. Segundo o resultado final do boletim de urnas, ele conquistou 18% dos votos válidos, o que representa quase o dobro do que mostravam as pesquisas de opinião. Significa que ele, na estreia como cabeça de chapa, obteve 885.994 votos. A diferença entre Danilo e o terceiro colocado, Anderson Ferreira, foi de apenas 4.226 votos. Danilo venceu em 49 municípios e foi o candidato majoritário no Sertão do Pajeú, com 35% dos votos válidos da região.

Única alternativa com potencial para representar o PSB com a retirada da candidatura do ex-prefeito do Recife, Geraldo Júlio, Danilo era também o único entre os postulantes que nunca havia concorrido numa chapa majoritária. Todos os demais, Marília Arraes (Solidariedade), Raquel Lyra (PSDB), Anderson Ferreira (PL) e Miguel Coelho (União Brasil) já tinham sido prefeitos ou posto seus nomes à prova em campanhas passadas. Dessa forma, Danilo não contou com a memória do eleitor – o chamado recall eleitoral. Ele precisou se apresentar pela pela primeira vez para a maior parte dos eleitores do estado.

Um dos últimos candidatos a entrar na campanha, Danilo administrou com garra uma candidatura estadual inédita e pentagonal – para usar uma expressão repetida pelo cientista político Antônio Lavareda. Nunca baixou a cabeça, ou esmoreceu. Esteve em sete debates, com cabeça erguida. Enfrentou nomes competitivos (os principais postulantes acabaram o primeiro turno somando entre 18% e 23% dos votos). Danilo competiu em uma campanha atípica e adversa pela conjuntura, mas manteve o ritmo, a garra, o otimismo e a confiança na vitória até a abertura das urnas, tendo feito campanha até sábado às 22h. Outra condição desfavorável para Danilo era a de representante de um governo que está há dezesseis anos no Palácio do Campo das Princesas – o que, pela natureza, faz com que uma campanha de situação seja confundida com aprovação à gestão atual. E o governo Paulo Câmara é rejeitado por mais de 60% da população, segundo pesquisas.

As deserções de aliados da base da Frente Popular, vendo o suposto crescimento da campanha de Marília Arraes, foram prejuízos problemas extras para a campanha de Danilo. Do mesmo modo, viu a falta de engajamento de candidatos a deputado estadual e federal. A campanha de Danilo enfrentou ainda o racha da base petista, que esteve parte ao lado da candidata Marília Arraes (Solidariedade) e parte ao lado da Frente Popular. Usando cores e a imagem de Lula, Marília confundiu muitas vezes o eleitor, fato que chegou a ser motivo de batalha judicial. Em paralelo, precisou lidar com resultados de pesquisas que o colocavam com um percentual muito abaixo do que, na realidade e com o abrir das urnas, ele o obteve.

Danilo conduziu uma campanha com dignidade e, como ele disse no discurso após resultados, cumpriu a missão da Frente Popular a que se propôs. Junto do prefeito João Campos, coloca-se como liderança de peso a partir deste resultado porque o balanço  politicamente favorável ao nome de Danilo vai além do balanço eleitoral do PSB ou da Frente.