Sobreviventes da tragédia em Paulista relatam sofrimento

Thaylane saiu para trabalhar e deixou os quatro filhos em casa, ela é cuidadora de idosos. Ela não esperava que esta sexta-feira fosse mudar o rumo da vida para sempre. No meio do caminho a mãe dela ligou para avisar sobre o desabamento do prédio, localizado na Rua Dr. Luiz Inácio de Andrade Lima, no Janga, em Paulista, e que faz parte do Conjunto Beira-Mar, edifício em que Thaylane morava. No total, oito apartamentos ruíram e 20 pessoas estavam no local, entre resgatados e desaparecidos que estão nos escombros.

Ela perdeu o filho Guilherme de 12 anos, mas a filha Emily de 15 anos foi encontrada e está na restauração sem risco de morte. No entanto, Pedro, de oito anos, está desaparecido juntamente com a irmã mais nova, Esther, de cinco anos.

“Meu Deus, não era pra eu ter ido trabalhar, por que o Sr não me deixou morrer também? É uma dor que eu não aguento, logo perto do meu aniversário. Por quê?”, lamentou Thaylane Ribeiro.

A cuidadora ficava escutando o filho chorar e sempre perguntava aos bombeiros se eles estavam escutando o filho dela chorando nos escombros.

A avó Rosilene Ribeiro de França, dona de casa, lamenta perguntando várias vezes se foi o neto dela mesmo que morreu, com uma certidão de nascimento nas mãos ela suplicava a Deus, pedindo para tudo ser apenas um pesadelo.

Pelo menos três famílias viviam no prédio. O prédio estava interditado pela Defesa Civil há 13 anos e foi reocupado por grupos de sem-teto, de acordo com a Prefeitura de Paulista. O edifício, do tipo caixão, passou por vistoria recentemente. A gestão municipal, no entanto, não respondeu há quanto tempo as famílias ocupavam o imóvel irregularmente, nem o motivo da interdição.

“Eu estava dormindo e acordei com o prédio caindo. Abri a porta e já não tinha mais escadas, tava tudo caindo… veio uns homens e pegaram meus filhos e eu me joguei, minha irmã Dayane também se jogou e ficou toda ferida, mas ela está viva graças a Deus! Eu quero saber dos meus primos agora”, falou a dona de casa Tamires de França Melo, de 25 anos, uma das sobreviventes.