O Dia da Imprensa e a Maçonaria – 01 de junho

O Dia da Imprensa e a Maçonaria
Waldir Ferraz de Camargo
A mídia comemora na data de hoje o Dia da Imprensa, em homenagem à fundação do primeiro jornal brasileiro, o Correio Braziliense, por Hipólito José da Costa, (no dia 1 de junho de 1808), de família portuguesa, nascido em 1774, às margens do Rio da Prata (atual Uruguai), quando o território fazia parte da Coroa Lusitana. Sua família transferiu-se para o Rio Grande do Sul, na região que deu origem à cidade de Pelotas e Hipólito fez seus estudos iniciais em Porto Alegre, se formando em Filosofia e Direito na Universidade de Coimbra, em 1792.

Mais tarde, em 1802, ingressou na Maçonaria nos Estados Unidos, ocasião em que escreveu seu primeiro livro, intitulado “O diário de minha viagem para a Filadélfia”. No mesmo ano foi nomeado diretor da Imprensa Regia Portuguesa, cargo importante da coroa, mas sua ativa participação na Maçonaria o levou à prisão por três anos, pois a Inquisição que ainda vigorava era contrária às ações das sociedades secretas e ideias libertárias então difundidas, condenadas pela Igreja.

Disfarçado de criado de serviços, contando com a ajuda dos “irmãos”, conseguiu escapar da masmorra inquisitorial tomando rumo à Espanha, Gibraltar e finalmente Londres, obtendo acolhimento e proteção do duque de Sussex, que também era maçon, filho do Rei Jorge III. Neste país, atuou como professor de Línguas Latinas.

Sua intensa ligação com o Brasil e o conceito de liberdade assumidos pelos ideais proclamados pela Revolução Francesa fez com que publicasse em 1° de junho de 1808 a edição inaugural do jornal “O Correio Braziliense”, em fascículos mensais de cerca de 80 páginas, cujos artigos pregavam a liberdade de expressão e a independência do Brasil, além de condenar a aristocracia parasitária do Reino, bem como a exploração de Portugal em relação à colônia.

Em função desses artigos considerados subversivos, as publicações que durariam até 1822 e que somariam 175 edições foram proibidas no Brasil e a veiculação tornou-se ilegal, mas a Maçonaria encarregou-se de importar reservadamente o jornal, que era impresso em Londres, sendo sua circulação ocorrida de maneira clandestina em grande parte do território nacional e também em Portugal.

Para os historiadores, foi a primeira e mais completa tribuna de análise crítica da situação portuguesa e brasileira, verificando que seu apostolado em favor da independência do Brasil, devido ao seu caráter nacionalista, mesmo sendo editado fora do país, estava se transformando numa radiosa vitória, que aconteceu em 7 de setembro de 1822, ano em que o jornalista, achando ter cumprido o seu papel, encerrou as atividades do jornal.

Hipólito José da Costa faleceu pouco depois, em 1823, sem chegar a saber que fora nomeado cônsul brasileiro que representaria o império em Londres. Ocupa a cadeira nº 17 dos imortais da Academia Brasileira de Letras, considerado o patrono da Imprensa, dos profissionais do setor e demais estudiosos da realidade brasileira.