Polícia argentina vasculha apartamento de brasileiro que tentou matar Cristina e acha duas caixas com 100 balas

A Polícia Federal argentina já vasculhou o último domicílio do brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel no país, preso após tentar matar a vice-presidente argentina, Cristina Kirchner, localizado no município de San Martín, na região da grande Buenos Aires. O apartamento é um conjugado e nele foram encontrados, segundo relatório policial, duas caixas de munições marca Magtech, calibre 9mm, que continham, no total, 100 balas. Também foram apreendidos um computador laptop marca HP e documentos pessoais de Sabag e familiares.

Sabag Montiel, que está sendo interrogado, foi acusado de tentativa de homicídio agravado. Pessoas com quem trocou mensagens no celular estão sendo chamadas para depor, em busca de possíveis cúmplices no atentado. O inquérito é conduzido pela juíza federal María Eugenia Capuchetti e pelo promotor federal Carlos Rívolo. O atacante será interrogado nesta sexta-feira diante dos dois. As informações são do O Globo.

Segundo informações oficiais, às quais O GLOBO teve acesso, o proprietário que alugava um pequeno apartamento para o brasileiro, há apenas oito meses, confirmou que Sabag morava no local, com uma namorada argentina. Detido logo após a tentativa de assassinato, o brasileiro está agora na Superintendência de Investigações da Polícia Federal, na capital argentina, onde será interrogado. Depois de depor diante da Justiça, deve ser levado a uma prisão federal.

O brasileiro tinha em seu poder, ainda, um certificado de autorização para circular durante a pandemia, já que trabalhava como motorista de aplicativo, além de uma radiografia dental e outro certificado oficial por algum tipo de deficiência, que não foi informada. Também foram encontrados documentos de sua namorada, identificada como Brenda Elizabeth Uriarte, de nacionalidade argentina.

As redes sociais do brasileiro, já deletadas, indicam alguns de seus hobbies peculiares. Em seu perfil no Facebook, por exemplo, ele curtiu páginas como “Comunismo Satânico”, “Ciências Ocultas Herméticas” e “Coach Antipsicopata”, além de inúmeros grupos de ódio ligados à ideologia neonazista.

O brasileiro também gostava de ser chamado de “Salim” e se gabava de ser crítico ferrenho do atual governo argentino e da família Kirchner. Ele também postou vídeos de suas aparições em programas de TV, seja criticando programas do governo de auxílio financeiro ou a nomeação do ministro Sergio Massa, da Economia.

Segundo o jornal La Nación, em 17 de março do ano passado Montiel foi detido por porte de arma. Na ocasião, ele foi flagrado com uma faca e alegou que a usava para defesa pessoal. Montiel foi abordado na época por estar estacionado com um veículo sem a placa traseira. Ele alegou que a placa caiu “devido a um acidente de trânsito ocorrido dias atrás”. Quando ele se abriu a porta para pegar a documentação do carro, uma faca de 35 centímetros de comprimento caiu no chão.

O documento de residência do brasileiro na Argentina é dos anos 1990. O pai dele, Fernando Ernesto Montiel Araya, foi alvo de um inquérito da Polícia Federal para expulsão do Brasil em 2020. Conforme documento ao qual O GLOBO teve acesso, o procedimento foi instaurado porque Araya tinha uma sentença penal condenatória no país. Fonte: G1