Como bilionária em coma há cinco anos virou foco de disputa judicial

Disputas judiciais que envolvem a gestão do patrimônio e o tratamento médico de umas das mulheres mais ricas do país atingiram seu ponto máximo três semanas atrás. Em coma desde 2016, Anita Louise Regina Harley, 74, ex-diretora-presidente e uma das principais acionistas individuais das Casas Pernambucanas, com fortuna estimada em R$ 1,85 bilhão, teve a sua equipe médica substituída no dia 11 de fevereiro.

Por solicitação, segundo o  hospital, do advogado nomeado curador da paciente pela 10ª Vara de Família e Sucessões da capital paulista ocorreram “mudanças no cuidado” da paciente.

Foram trocadas as equipes de cuidadores e controladores do acesso ao leito. Também foi afastada da chefia da equipe médica o pneumologista Elie Fliss, que acompanhava Anita havia dez anos, antes de ela entrar em coma, e diariamente desde o início da internação.

Quatro dias depois, um dos irmãos de Anita por parte de pai, Glenn Harley, pediu à Justiça que seja nomeado como curador da empresária, mencionando a “situação arbitrária e gravíssima”, que “contraria os princípios mais basilares da Constituição” e que colocaria sua irmã “sob iminente risco de vida”. Ainda não houve decisão sobre esse pedido. Antes, em dezembro, ele havia pedido para ser assistente no processo, o que foi concedido depois das trocas, sobre as quais não foi consultado previamente.

Anita ocupa o 178º lugar no ranking dos brasileiros com maior patrimônio, de acordo com levantamento divulgado em setembro de 2020 pela revista Forbes, e 5º entre as maiores fortunas de Pernambuco. Ela é quase tão rica quanto o apresentador e dono do SBT Silvio Santos (com R$ 1,9 bilhão e 175º lugar) e mais do que o fundador da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da Rede Record, Edir Macedo (R$ 1,57 bilhão e 190ª posição).

Pela lei, em casos como o de Anita, quando a pessoa fica impossibilitada de exercer as tarefas mais básicas, o Judiciário determina sua interdição e designa um ou mais curadores com a responsabilidade de zelar pelos compromissos financeiros, patrimônio e bem-estar da “interdita”. Em troca, os curadores e suas equipes são remunerados mensalmente com recursos da conta bancária da paciente, sob acompanhamento e autorização da Justiça e do Ministério Público.

Como Anita é uma das maiores acionistas individuais das Pernambucanas, o curador também deve representá-la ou indicar representantes para acompanhamento de assembleias e outros atos da empresa. Assim, temas de alto interesse para a empresa – com 466 lojas físicas no país em 14 Estados e no Distrito Federal, 16 mil colaboradores e ativos de R$ 8,3 bilhões em 2020 -, também guardam relação com as disputas judiciais em torno da curadoria sobre a paciente do Sírio-Libanês, tanto agora quanto no futuro.

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Rubens Valente e Amanda Rossi, do UOL, em São Paulo