Eleição no Congresso Nacional

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foi reeleito, ontem, com uma votação aquém do que esperava, mas seu adversário, o senador Rogério Marinho (PL-RN) também esperava ter mais votos, além dos 32 que recebeu, contra 49 do eleito. Havia até quem apostasse numa vitória de Marinho, tamanho se deu o seu crescimento nos últimos dias.

O senador potiguar perdeu, na verdade, para o rolo compressor do Planalto. O presidente Lula recebeu sinais de que a reeleição de Pacheco corria risco no último fim de semana, mas a virada de votos se concretizou na noite de ontem, virando a madrugada de hoje. O chefe da Nação, em alguns casos, teve que entrar pessoalmente na conquista de votos que pareciam perdidos.

Conforme declarou o senador Fernando Dueire (MDB), substituto de Jarbas Vasconcelos enquanto este cumpre licença para tratamento de saúde, havia entre os senadores um sentimento de que a eleição na Casa teria que ser encarada como um equilíbrio entre os poderes. Já que na Câmara era certa e líquida a reeleição de Arthur Lira (PP-AL), o Senado deveria ser presidido por alguém independente do Palácio do Planalto.

“A democracia sobrevive dentro de um pêndulo sagrado de pesos e contrapesos. O Senado Federal é a casa do equilíbrio federativo, portanto, devemos colaborar para oferecer espaço ao contraditório, evitando a concentração de poder unicamente nas mãos dos que já ocupam praticamente todas as plataformas de comando”, disse Dueire.

No seu entender, os princípios republicanos e de razoabilidade o levaram a votar no senador Rogério Marinho. “Essa é uma reflexão sólida e que tem a ver com o zelo na construção de um País verdadeiramente democrático, firme na contenção de supremacias e não subalterno a falsos clichês de ocasião, seja de que lado for”, afirmou.

Tom de pacificação – Tão logo foi confirmada a sua reeleição, Rodrigo Pacheco fez um rápido discurso no qual afirmou que a “polarização tóxica” no País deve ser “erradicada”. Pacheco também pediu união e defendeu a pacificação da política e do país. “Pacificação não significa se calar diante de atos golpistas. Pacificação é buscar cooperação. Pacificação é lutar pela verdade. Pacificação é abandonar o discurso de nós contra eles e entender que o Brasil é imenso e diverso, mas é um só. O Brasil é um só”, afirmou o presidente do Senado e do Congresso.

Votação recorde – Já na Câmara, conforme estava escrito nas estrelas, o presidente Arthur Lira (PP-AL) foi reeleito com a maior vantagem de votos na história desde a promulgação da Constituição. Foram 464 votos. Lira assume a condição de principal força política no Congresso com quem o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá que manter diálogo. Empoderado, o político alagoano deu ao Centrão os principais postos de comando da Casa. Chico Alencar (PSOL-SP) e Marcel van Hattem (Novo-RS), os únicos deputados na disputa, tiveram 21 e 19 votos, respectivamente. Foram cinco votos em branco.

 

 

Magno Martins